O
Alentejo é uma das mais belas regiões do País, exige uma narrativa longa,
com uma presença continuada e atenta no tempo e no espaço, algo que aqui não
pode ser revelado em absoluto. A região respira uma história imersa em períodos
de tumultos e de bonanças. Uma terra onde a cultura e
tradição caminham lado a lado. Há algo de profundamente retemperador e
redentor na paisagem alentejana, no espaço sem fim, na imensidão das planícies
ondulantes com os grades sobreiros, no céu amplo e de um azul imaculado, no
horizonte infinito e obviamente nas suas gentes, no povo tranquilo, honesto e
orgulhoso do Alentejo.
A sua história é vasta como
as suas paisagens, são muitos os locais onde podemos encontrar provas da civilização fenícia existente
há mais de 3000 anos. Também os celtas e sobretudo os
romanos que deixaram um importante legado através dos seus escritos, mosaicos,
ensinamentos, cidades e monumentos. Profundamente letrados nas
principais técnicas agrárias, voltaram-se para a cultura do vinho e da vinha no
Alentejo.
É provável, que a produção alentejana tenha proporcionado a primeira
exportação de vinhos portugueses para Roma. A influência romana foi tão
determinante para o desenvolvimento da viticultura alentejana que ainda hoje,
dois mil anos após a anexação do território, as marcas da civilização romana
continuam a estar patentes nas tarefas do quotidiano, visíveis através da
utilização de ferramentas usadas intensivamente até há poucos anos como o Podão
ou as talhas de barro para a fermentação de mostos e posterior
armazenagem de vinho ainda hoje utilizados.
Após os
romanos e os visigodos, os árabes chegaram a esta terra, antes da reconquista,
que chegou com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos
sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger as cidades.
Desde
essa ocasião até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um
crescimento baseado na agricultura, pecuária, pesca, indústria (onde a cortiça
tem especial relevo) e mais recentemente no turismo apresentando uma ampla
oferta de qualidade para os enoturistas.
A região ocupa mais de um terço da área do
território continental, é uma das
maiores regiões vitivinícolas de Portugal, beneficia de um clima quente e seco,
com um excelente "terroir” o que impulsionou inúmeros investimentos no sector
vitivinícola que se traduziu na produção de alguns dos melhores vinhos
portugueses e consequentemente, no reconhecimento internacional dos vinhos
alentejanos.
Região
demarcada em 1988 é dividida em oito sub-regiões: Reguengos, Borba, Redondo, Vidigueira, Évora, Granja-Amareleja,
Portalegre e Moura.
As castas
brancas mais importantes na região são a Roupeiro, Antão Vaz e a Arinto. Em
relação às castas tintas, salienta-se a importância da casta Trincadeira,
Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet (uma variedade francesa).
Os vinhos
brancos DOC alentejanos são geralmente suaves, ligeiramente ácidos e apresentam
aromas a frutos tropicais. Os tintos são encorpados, ricos em taninos e com
aromas a frutos silvestres e vermelhos.
Em suma, os vinhos alentejanos oferecem um
enorme prazer, sejam eles brancos, rosados ou tintos, são vinhos cheios e de
forte exuberância aromática, vinhos redondos e suaves, com uma capacidade única
para serem bebidos cedo mas sabendo envelhecer com distinção.