Foram os Fenícios, que em viagens marítimas, alcançando as distantes terras das Ilhas Britânicas, terão promovido o início da cultura vitácea na foz do Tejo, com vides trazidas da Síria, cabendo-lhes assim, eventualmente, a iniciativa de promoção da vinha nesta nossa terra, onde a videira terá encontrado condições naturais propícias ao seu desenvolvimento.
O espaço da actual Estremadura terá estado sob o domínio muçulmano durante quatro séculos, tendo a sua vocação vitícola sido retomada apenas após a fundação da nacionalidade e a reconquista de terras aos Mouros.
Esta vocação foi fortemente incentivada com os conhecimentos difundidos pelas ordens religiosas, primeiramente os Beneditinos, seguidos dos Clunicenses e finalmente a Ordem de Cister que, na Estremadura, teve posição destacada em Alcobaça. O arroteamento de terras permitiu a instalação dos coutos, com novas áreas de vinha, e para o seu cultivo foram retomadas as técnicas descritas pelos "geopónicos” do tempo de Roma.
Viveu-se uma época de estabilidade e desenvolvimento económico resultado da exploração e comercialização dos produtos da terra e do mar, figurando o vinho entre os de maior peso.
A situação manteve-se até à crise dinástica provocada pela morte de D. Fernando, agravada com a situação que se vivia por toda a Europa com fomes, epidemias e guerras, com a consequente recessão económica.Neste contexto também o sector vitivinícola assiste a novo retrocesso, não encontrando nos tempos seguintes grandes condições de recuperação dada a importância que nos séculos XIV e XV foi dada à epopeia dos descobrimentos, recrutando muitos dos homens válidos para tarefas ligadas à empresa marítima.O século XIX ainda que tivesse, precisamente a meio, uma época de sobreprodução de vinho, foi um período marcado por uma série de factos gravosos para a cultura da vinha.
O início foi drasticamente marcado com as invasões francesas que, para além de levarem ao abandono de muitas propriedades, após actos de saque generalizado na rota seguida pelos invasores, motivaram ainda, nomeadamente na Estremadura, a Sul de Torres Vedras, o desvio de toda a mão-de-obra rural para a edificação da defesa de Lisboa, assente nas conhecidas Linhas de Torres.
O ataque praticamente generalizado a todo o país da terrível filoxera, insecto que atacando as raízes da videira europeia levou à morte grande parte do património vitícola nacional. Conhecida a solução, rapidamente as colinas da Estremadura se viram de novo cobertas de vinhas que, com pujança rejuvenescida, passaram a contribuir para uma produção de grande volume.
Consolidada a recuperação da cultura da vinha e retomada a sua expansão por toda a Estremadura, diversas zonas que a tradição havia firmado são contempladas com o reconhecimento qualitativo dos vinhos de pasto de tipo regional.
Com a publicação do Decreto de 1 de Outubro de 1908 foram criadas as condições para ser iniciado o processo de demarcação das regiões de Carcavelos, Colares e Bucelas. O mesmo poderia ter acontecido a Torres e Alcobaça, mas motivos de difícil compreensão levaram a uma espera de perto de oitenta anos.
A alteração dos hábitos da vida rural, dos hábitos de consumo e da própria política vitivinícola, como consequência da integração na Comunidade Europeia, levaram a um reequacionamento daquela estrutura.
A selecção de castas, a melhoria tecnológica, o reconhecimento de novas denominações de origem, conjuntamente com o esforço do viticultor e o saber do enólogo, foram pedras basilares para se atingir a situação actual, colocando os vinhos da Estremadura num patamar qualitativo francamente meritório e que vem dar confirmação à continuidade da vocação vitivinícola da região.
As principais castas brancas são o Arinto, Fernão Pires, Malvasia, Seara-Nova e Vital, enquanto nas castas tintas predominam o Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão, Tinta Miúda, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira, para além da contribuição de castas internacionais como o Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Syrah.